VELHICE
Ser velho! Que tormento! Horrível pesadelo!
Quem me dera, Senhor, nem mesmo parece-lo!
Ser velho é andar vivendo à custa da saudade,
De um tempo que se foi e que voltar não há-de.
Viver chorando à-toa em busca de um carinho
Que nunca lhe aparece em meio do caminho.
Ó miserenda sorte! Em ruína, o corpo lasso
Não lhe aguarda na queda o calor de um regaço.
Árvore ressequida à beira de uma estrada
Que a ninguém mais acolhe, esguia e desfolhada
E a cuja sombra outrora alguém se recolhera
Fugindo aos vendavais e a ríspida soalheira.
Escombro de um castelo espectral e vetusto,
Onde luziam graças e hoje faz susto.
Ser velho – é dor, é frio, é treva, é lodo, é gelo.
Espantalho do amor, nojento cogumelo.
Infelizmente, espantosa carcaça
Trambolhando na rua, enojando a quem passa.
Quando muito, uma vez na desolada vida,
Desperta compaixão de um’alma já descrida.
Perdão, Senhor, Meu Deus! A luz em mim se faz!
Ser velho não é isso assim que eu disse atrás.
Ser velho quer dizer: Prudência, ora conselho.
Critério, sensatez, dos moços claro espelho.
Por: Antonio Airton de Barros – Professor Especialista no Ensino de História.
Em, 15.05.2019.
Transcrito do Livro de Nelson Barbalho: ALTINHO: de antes da Fazenda até a freguesia de Nossa Senhora do Ó – subsídios para a sua história, (p. 542 a 543, 1988).
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