Em terras do meu Nordeste,
Hoje é véspera de São João.
Até o ano passado tinha,
Muita fogueira, xote e baião.
As rádios animavam as cidades,
Saia nas ruas o quadrilhão.
O maior cuscuz do mundo,
Concurso de sanfoneiros com premiação.
A Bandinha do Pé do Monte,
A Banda do Maestro Camarão.
Bau dos Oito Baixos, Bode Preto,
Agenor Farias, Capataz do Rojão.
A caravana de Ivan Bulhões,
Era a maior atração.
Animava o forró pelos sítios,
Nas noites de São João.
Dona Tereza, Apanhadeira de Café,
Pula Mané, Mané gostoso,
Eu não queria beber, mas eu bebi...
Na voz do “Pequeno Azulão”.
Como esquecer do “Café Rio Branco”,
Era o ponto de atração.
Para falar de contratos,
E arranjar composição.
Mas por conta da pandemia,
O São João se apagou.
Não se ver colorido no céu,
A fogueira não queimou.
O riune dependurado,
No canto da sala ficou.
Silenciaram os rojões,
Pelo bom seno, pelo amor.
Os hospitais estão lotados,
É preciso fazer diferente.
Tomando as devidas precauções,
Evitando os acidentes.
Certamente no próximo ano,
O São João será bem animado.
Com quadrilhas, até amanhecer o dia,
Arrasta pé, baião, xote e xaxado.
Por enquanto fiquemos em casa,
Logo, tudo isso passa.
É como diz o velho ditado:
“É melhor prevenir do que remediar”.
São João em casa é diferente,
Mas dá para improvisar.
Eu, daqui faço a minha dança,
Você daí forma o seu par.
Autor: Antonio Airton de Barros.
São Paulo, 23.06.2020.
Foto: Antonio Airton
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