sábado, 28 de janeiro de 2023

Bicicleta e insegurança: onda de violência amedronta ciclistas em Pernambuco



Movimentar as pernas, sentir o vento no rosto, respirar o ar livre e adentrar pela paisagem urbana entre os bairros. Quer atividade que dê mais sensação de prazer e liberdade do que o ciclismo? Seja para fins de prática esportiva, seja para se deslocar nos trajetos do cotidiano, sair de bicicleta por aí, com ou sem destino certo, é, para muitos, um momento de descontração. Ou deveria ser.

Nas últimas semanas, os relatos de assaltos a ciclistas viraram rotina no noticiário pernambucano. Nos mais diversos casos, a ação criminosa segue um padrão. A vítima - geralmente, uma mulher - está pedalando à noite quando um homem se aproxima, puxa a bolsa que ela segura e foge. Os riscos para quem sofre a violência são grandes. No dia 4 de janeiro, a publicitária Pietra Alcântara bateu com o rosto no chão ao ser puxada por um assaltante que pilotava uma moto no bairro da Jaqueira, na Zona Norte do Recife. Quatro dias depois, a jornalista Vanessa Bahé, de 43 anos, teve uma fratura exposta no cotovelo após uma abordagem semelhante no Espinheiro.

Diante disso, entidades ligadas ao cicloativismo realizaram um protesto, no último dia 10, no intuito de chamar atenção para o problema da insegurança. Uma dessas organizações, a Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), contabilizou 24 casos de assaltos, sendo 23 deles contra mulheres, entre a segunda quinzena de novembro e a segunda semana de janeiro.

Em nota, as polícias Militar e Civil de Pernambuco afirmaram que estão atuando nos locais das ocorrências e investigando os casos. “Na Jaqueira, por exemplo, o 11º BPM emprega guarnição ordinária, além das equipes de Contra Resposta, Motopatrulheiros e lançamentos a pé. Nas Graças, Espinheiro, Rosarinho e Encruzilhada, o 13º BPM atua com guarnições e motopatrulheiros, reforço com operações em pontos mais críticos e o apoio do GATI. Essa atuação tem prevenido investidas, além de prender suspeitos”, destaca a nota da Polícia Militar. A corporação ressalta que é importante as vítimas denunciarem os crimes. 

Já a Polícia Civil informa que, dentro do Programa Pernambuco Seguro, foi designada uma equipe da Diretoria Integrada Metropolitana (DIM) para investigar os recentes casos de roubos na Zona Norte do Recife. 

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“A PCPE informa que as diligências necessárias estão sendo realizadas, inclusive já foram registradas prisões.  No entanto, mais informações não podem ser repassadas no momento para não comprometer as investigações em curso”, detalha a nota.

A questão da segurança
Por mais que o ciclismo tenha ganhado destaque como meio de transporte nos últimos anos, a falta de segurança nas ruas continua sendo um obstáculo para o avanço da mobilidade cicloviária nas cidades pernambucanas. Para o advogado criminalista e professor de Direito Martorelli Dantas, da Faculdade Nova Roma, a solução passa, primeiramente, por um maior efetivo de policiais nas vias públicas. “É preciso que a gente caminhe numa resposta imediata à violência estabelecida porque a presença policial gera a certeza da punição. O que mais estimula o crime é a certeza da impunidade”, observa.

Outro aspecto importante lembrado pelo especialista diz respeito a outras questões sociais que têm impacto na segurança pública como um todo. “A criminalidade está associada, em qualquer sociedade, desde sempre, a uma reduzida oportunidade de emprego, cultura e lazer. Essa tríade coloca as pessoas em outra dimensão, em que a hipótese da prática de crimes é reduzida”, comenta Dantas. Ainda de acordo com o especialista, uma das formas de minimizar os riscos de um assalto é que as pessoas priorizem transitar em grupo (veja no infográfico).

A coordenadora da Ameciclo, Beatriz Brito, que utiliza a bicicleta como meio de transporte desde 2020, realiza algumas estratégias de segurança para se proteger e tentar evitar algum tipo de abordagem criminosa. Entre as dicas, estão utilizar a pochete na cintura virada para frente para esconder o fecho e usar mais alforges e bolsas que possam prender no bagageiro, na parte de trás da bicicleta ou no quadro. 

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