terça-feira, 11 de abril de 2023

Eduardo Campos recebeu US$ 771 mil em propina em conta de tio na Suíça, denuncia MPF



O Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma denúncia à Justiça Federal afirmando que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto num acidente aéreo em 2014, recebeu propina repassada pela Odebrecht para uma conta na Suíça. Segundo a acusação, a empreiteira repassou 771,4 mil dólares em troca de favorecimento em obras do governo estadual.

O g1 teve acesso à denúncia, que:

foi aceita pela Justiça Federal em setembro de 2022;
foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo no sábado (8);
está em segredo de Justiça;
é um desdobramento da Operação Lava Jato.
De acordo com a denúncia apresentada pelo MPF:

Pernambuco, entre 2007 e 2014, foi "sede de uma organização criminosa liderada pelo falecido governador do estado Eduardo Henrique Accioly Campos, voltada à prática de crimes contra a ordem econômica, de corrupção e de lavagem de dinheiro";
Eduardo Campos foi beneficiado com pagamentos feitos na conta bancária de um tio, Carlos Augusto Arraes, que morreu em 2010;
em 2007, esse tio do ex-governador de Pernambuco abriu, nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, uma offshore (empresa no exterior que não precisa declarar origem e destino de dinheiro) chamada Sama Group Corporation, que tinha uma conta no banco suíço Pictet;
essa conta recebeu, entre 2008 e 2009, 771,4 mil dólares em quatro transferências de offshores controladas pela Odebrecht;
após a morte de Carlos Arraes, a viúva dele, Sandra Leote Arraes, assumiu a administração da Sama Group Corporation e da conta bancária da empresa na Suíça.
Os responsáveis pela denúncia são os procuradores da República Rodrigo Antonio Tenório Correia da Silva e Cláudio Henrique Cavalcante Machado Dias. Eles pediram, além da condenação, sequestro de bens da viúva de Carlos Arraes.

Esse pedido, segundo a Folha de S.Paulo, foi suspenso pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O g1 entrou em contato com o STF para confirmar a suspensão, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Na denúncia, os procuradores da República dizem que:

obras do governo de Pernambuco , como a de terraplanagem da Refinaria Abreu e Lima e do Píer Petroleiro de Suape, eram direcionadas a empresas ligadas à Odebrecht, que formavam um cartel;
"em contrapartida, estas pagavam um percentual dos contratos a Eduardo Campos. A operacionalização do conluio [...] ficou a cargo do então presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Aldo Guedes, pessoa de confiança do governador";
João Pacífico, um delator da Odebrecht, afirmou ao MPF que o conglomerado foi comunicado, ainda no início do primeiro mandato do ex-governador, que, "sempre que uma de suas empresas realizasse obras públicas no estado de Pernambuco, deveria pagar um percentual do valor contratado ao grupo político de Eduardo Campos";
o ex-governador, por sua vez, "honraria compromisso firmado com as empreiteiras, garantindo 'reserva de mercado' para elas em relação aos contratos executados em território pernambucano".

O g1 entrou em contato com a assessoria de comunicação do Ministério Público Federal (MPF), que disse que não repassaria informações sobre o caso, que corre em segredo de justiça.

__Compartilhe nossas postagens, marque seus amigos e deixe todos bem informados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário