quarta-feira, 19 de julho de 2023

Profissão agiota: golpistas utilizam fotos de crianças e famosos para tirar dinheiro de quem busca empréstimo fácil no Instagram



Basta escrever agiota no campo de busca do Instagram para ter acesso a uma grande lista de supostos profissionais que oferecem serviço de empréstimo de dinheiro sem muita burocracia.

Agiota Sabrina, agiota Marcos, agiota João Pedro, agiota Bernardo, agiota Aline: teoricamente de cara limpa e muitas vezes com fotos produzidas, os "experts" compartilham imagens de viagens, carros de luxo, maços de dinheiro e momentos em família, muitas vezes na companhia de crianças.

Além disso, há centenas de propagandas promovendo o negócio, prints de transferências bancárias e vídeos de "clientes" agradecendo pelos serviços prestados. Vários deles têm milhares de seguidores.

"Trabalho sério e sem enrolação, liberação em até 30 minutos, sem consulta Serasa, sem burocracia, online, crédito para negativados, menores juros do mercado."

O chamariz varia de perfil para perfil, mas os alvos são os mesmos: pessoas que precisam de crédito e não têm acesso aos meios legais, como bancos.

Na verdade, os perfis não são de agiotas, mas de golpistas. O g1 entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), e o órgão informou que a Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) irá apurar a possível prática de crimes e identificar os responsáveis.

O perfil abaixo é um exemplo que
reúne diversos elementos do golpe


Se passa por outra pessoa: conforme apuração do g1, a pessoa que tem a imagem usada pelo golpista é um empresário do ramo da odontologia;

Prints de transferências bancárias: para chamar a atenção, o golpista tenta dar exemplos de trabalhos concluídos;

Foto com a família: para passar credibilidade à vítima, o golpista compartilha fotos do cotidiano;

Vídeo de "cliente": "Boa tarde. Fiz um empréstimo com o João. Recomendo. Um cara de confiança. Paguei a taxa e estou com o dinheiro em mãos", diz o rapaz;

Propaganda: o perfil é repleto de banners com publicidades para o negócio: "dinheiro sem sair de casa", "já pensou ganhar 10 mil em até 30 minutos" etc.

Entenda como funciona o golpe

A fim de simular operações com os estelionatários, o g1 entrou em contato via WhatsApp com alguns deles. As estratégias utilizadas em cada um dos perfis são muito semelhantes entre si.

A maioria dos DDDs dos telefones é o 11, que remete a cidades do estado de São Paulo, principalmente as da região metropolitana.

De forma direta, o golpista questiona sobre o valor desejado e apresenta uma tabela de valores;

Em seguida, informa que há um “seguro” a ser pago antes de o negócio ser fechado;

Os valores variam entre R$ 50 e R$ 400 — depende do valor solicitado pela vítima;

O estelionatário condiciona o depósito do valor pretendido ao pagamento da taxa.


No caso acima, o golpista que utiliza a foto do apresentador de TV dos EUA envia uma tabela em que os empréstimos disponíveis chegam a R$ 100 mil;

Para um empréstimo de até R$ 5 mil, por exemplo, o cliente deve pagar uma taxa de R$ 89;

Caso o valor solicitado seja acima de R$ 50 mil, o depósito prévio é de quase R$ 400.

Em seguida, a pessoa solicita dados que variam entre foto do RG, e-mail, chave Pix e até comprovante de residência;

No entanto, o estelionatário não apresenta nenhum tipo de contrato, mesmo que informalmente;
Não há garantia alguma de que o valor será enviado para a pessoa solicitante;

O g1 não seguiu adiante com nenhuma negociação para não compartilhar dados pessoais com desconhecidos;

No entanto, uma fonte na Polícia Civil do Estado de São Paulo informou ao g1 que toda a operação se trata de um caso típico de estelionato e que, assim que a vítima realiza o pagamento do "seguro", é bloqueada pelo golpista.

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