quinta-feira, 6 de março de 2025

Data Magna: Como Pernambuco se declarou independente e viveu como um país por 74 dias




Após o agito do Carnaval e a ressaca da Quarta-feira de Cinzas, os pernambucanos têm mais um motivo para celebrar nesta quinta-feira (6): o feriado da Data Magna, que garante um dia de descanso a mais antes do fim de semana.

Apesar de ser chamada de "Data Magna", um nome que até gera confusão, com muitos chamando de "Gata Maga", a data tem um significado histórico profundo. Ela marca o momento em que Pernambuco se declarou independente do Brasil, tornando-se uma república independente por 74 dias, durante a Revolução Pernambucana de 1817.

Esse evento, também conhecido como "Revolução dos Padres", foi inspirado pelas ideias liberais que circulavam na época. A rebelião, que aconteceu cinco anos antes da Independência do Brasil, foi um marco na luta contra o domínio colonial português e ajudou a criar o ambiente político que culminaria na independência do Brasil.

“Se Pernambuco conseguiu se livrar do domínio português, por que não estender essa luta para todo o Brasil? A Revolução Pernambucana foi como um teste para a Independência do Brasil”, comenta o professor de história Ricardo Gomes.

O conflito começou em 6 de março de 1817, quando o governador da capitania de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, mandou prender um grupo suspeito de planejar uma conspiração. Entre os envolvidos estava José de Barros Lima, o "Leão Coroado", que, ao ser preso, matou o brigadeiro Manoel Barbosa. Com isso, o movimento ganhou força, e o governador fugiu para o Rio de Janeiro.

No vácuo de poder, uma junta de governo foi formada, composta por líderes de diferentes setores da sociedade, como o agrário, o comércio e o clero. Sob essa nova liderança, Pernambuco se declarou independente, adotando uma Lei Orgânica que estabelecia a liberdade de pensamento e de imprensa, além de tratar todos os cidadãos como “patriotas”, sem distinções de classe.

Embora o movimento tenha sido inspirado pelos ideais liberais, ele não avançou para questões fundamentais como o fim da escravização ou uma reforma agrária. "O liberalismo aplicado na Revolução Pernambucana foi, na verdade, um liberalismo conservador", explica o professor Gomes.

Durante seu curto período de existência, a República Pernambucana chegou a nomear um embaixador, Cruz Cabugá, enviado aos Estados Unidos para buscar apoio. Contudo, o apoio internacional não veio, e a república foi dissolvida em 20 de maio de 1817, após a invasão das tropas portuguesas.

O legado da Revolução Pernambucana persiste até hoje, inclusive na bandeira do estado, que foi criada durante esse período. Embora o sonho de independência tenha sido derrotado, o movimento contribuiu decisivamente para o clima político que, anos depois, resultaria na Independência do Brasil.

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