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Artigo: Saudades da minha terra por Antônio Aírton.


Saudades do São João de minha terra
     Sem dúvidas, os festejos juninos são uma das principais referências culturais do Nordeste, tendo como destaques maior a cidade de Caruaru e a cidade de Campina grande, que todos os anos atraem pessoas de todos os cantos do pais, inclusive do exterior.
     Houve um tempo em que, nem só no São João, o forró era a “MPB” do Nordeste, tocava durante todo o ano nas rádios de todo o Brasil.
     O São João é mais uma herança cultural dos portugueses e foi no Nordeste que esta festa se tornou popular. É uma festa simbólica dos nordestinos, haja vista que anuncia a estação chuvosa da colheita tendo o milho onipresente no preparo das comidas típicas da época, por isso o São João também é chamado no Nordeste de “A grande festa do milho”.
     Na década de oitenta o Brasil se deixou contagiar pela famosa lambada de Kaoma, uma espécie de furacão que marcou a música brasileira, inclusive a música nordestina. Ainda hoje, o que mais toca nas rádios realmente são as músicas no ritmo de lambada, ou o famoso forró-lambada. Estão suprimindo a cada ano o verdadeiro forró, o xote e o baião, as quadrilhas também a cada ano estão modernizando... E, com esse novo ritmo, os ritmos que compõem o gênero original têm esbarrado em si mesmos.
     Foi também no final dos anos 80 que nós altinenses tivemos a felicidade de participarmos – ou pelo menos testemunharmos -  os melhores festejos de São João e são Pedro. Sim, foi justamente nesta década, nos anos oitenta, muito embora em evoluções e frente ao Monumento do Cristo, tinha carro de som pelas ruas anunciando o baile do Clube do altinense e do Palhoção do Ipiranga.
     Cada escola promovia o seu São João respeitando a cultura original, com sanfona, triângulo e zabumba. Lembram do grupinho do matadouro? Do forró da SAIJA com a bandinha do Genivldo? E nos clubes? Vinha gente das cidades vizinhas, o clube do altinense e o palhoção do Ipiranga “botavam pra quebrar,” ambos promoviam baile na mesma noite – concorrência – foi graças aos dirigentes desses clubes que conhecemos Nando Cordel, Alcimar Monteiro, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino, Os Três do Nordeste, Assisão, a Banda do Camarão e tantos outros.
     Todos os anos, o cantor que Luiz Gonzaga cognominou de “O Príncipe do Baião,” Jorge de Altinho, participava do São João do clube do altinense. Este sim, sem sombra de dúvidas foi o ícone do São João e São Pedro de minha terra, principalmente lá no clube, era ele quem vinha fazer o encerramento dos festejos. Quem não lembra das quadrilhas puxadas por ele quando terminava o baile e que percorria várias ruas da cidade com o povo acompanhando? Muita gente abrias suas portas para ver a quadrilha passar. A direção do Altinense contratava um pé-de-serra para animar a quadrilha. Era nesse clima eu o cantor de “Garota de Atalaia” - Jorge – comandava o espetáculo. Por diversas vezes nosso São João foi reportagem no Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão.
     A palhoça do município era sempre um sucesso a parte, e todos participavam, pobres, ricos, lá as quadrilhas das ruas se apresentavam, era uma coisa maravilhosa. Mas, infelizmente, hoje tudo ou quase tudo mudou. São poucos o trios de forró, as bandas tocam mais novos ritmos, os vocalistas conversam mais do que cantam, mandam recado para os compadres, para a família, divulgam agenda no meio da música... Ainda bem que Jorge de Altinho e mais alguns cantores de forró, mantêm sua linha original, com comportamento, com letras sem apelação, a gente escuta o som da sanfona, da zabumba, zabumba que ecos nos mais longínquos recantos da zona rural do nosso município onde o forró é vivenciado com mais intensidade.
     Assim era o São João da minha terra, repleto e alegria, de muito forró, xaxado e baião e crianças, jovens e adultos, todos contidos de muita emoção e os mais velhos ainda se deliciavam, além das comidas típicas, de uma boa doze de quentão enquanto que outros brincavam ao redor da fogueira, cantando, fazendo adivinhação, outros soltando fogos e lá no céu vez por outra passando um solitário balão.

Autor: Antonio Airton de Barros – Professor Especialista no Ensino de História. 
Em, 20.06.2018.



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