Saudades do São João de minha terra
Sem dúvidas, os festejos juninos são uma das principais referências culturais do Nordeste, tendo como destaques maior a cidade de Caruaru e a cidade de Campina grande, que todos os anos atraem pessoas de todos os cantos do pais, inclusive do exterior.
Houve um tempo em que, nem só no São João, o forró era a “MPB” do Nordeste, tocava durante todo o ano nas rádios de todo o Brasil.
O São João é mais uma herança cultural dos portugueses e foi no Nordeste que esta festa se tornou popular. É uma festa simbólica dos nordestinos, haja vista que anuncia a estação chuvosa da colheita tendo o milho onipresente no preparo das comidas típicas da época, por isso o São João também é chamado no Nordeste de “A grande festa do milho”.
Na década de oitenta o Brasil se deixou contagiar pela famosa lambada de Kaoma, uma espécie de furacão que marcou a música brasileira, inclusive a música nordestina. Ainda hoje, o que mais toca nas rádios realmente são as músicas no ritmo de lambada, ou o famoso forró-lambada. Estão suprimindo a cada ano o verdadeiro forró, o xote e o baião, as quadrilhas também a cada ano estão modernizando... E, com esse novo ritmo, os ritmos que compõem o gênero original têm esbarrado em si mesmos.
Foi também no final dos anos 80 que nós altinenses tivemos a felicidade de participarmos – ou pelo menos testemunharmos - os melhores festejos de São João e são Pedro. Sim, foi justamente nesta década, nos anos oitenta, muito embora em evoluções e frente ao Monumento do Cristo, tinha carro de som pelas ruas anunciando o baile do Clube do altinense e do Palhoção do Ipiranga.
Cada escola promovia o seu São João respeitando a cultura original, com sanfona, triângulo e zabumba. Lembram do grupinho do matadouro? Do forró da SAIJA com a bandinha do Genivldo? E nos clubes? Vinha gente das cidades vizinhas, o clube do altinense e o palhoção do Ipiranga “botavam pra quebrar,” ambos promoviam baile na mesma noite – concorrência – foi graças aos dirigentes desses clubes que conhecemos Nando Cordel, Alcimar Monteiro, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino, Os Três do Nordeste, Assisão, a Banda do Camarão e tantos outros.
Todos os anos, o cantor que Luiz Gonzaga cognominou de “O Príncipe do Baião,” Jorge de Altinho, participava do São João do clube do altinense. Este sim, sem sombra de dúvidas foi o ícone do São João e São Pedro de minha terra, principalmente lá no clube, era ele quem vinha fazer o encerramento dos festejos. Quem não lembra das quadrilhas puxadas por ele quando terminava o baile e que percorria várias ruas da cidade com o povo acompanhando? Muita gente abrias suas portas para ver a quadrilha passar. A direção do Altinense contratava um pé-de-serra para animar a quadrilha. Era nesse clima eu o cantor de “Garota de Atalaia” - Jorge – comandava o espetáculo. Por diversas vezes nosso São João foi reportagem no Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão.
A palhoça do município era sempre um sucesso a parte, e todos participavam, pobres, ricos, lá as quadrilhas das ruas se apresentavam, era uma coisa maravilhosa. Mas, infelizmente, hoje tudo ou quase tudo mudou. São poucos o trios de forró, as bandas tocam mais novos ritmos, os vocalistas conversam mais do que cantam, mandam recado para os compadres, para a família, divulgam agenda no meio da música... Ainda bem que Jorge de Altinho e mais alguns cantores de forró, mantêm sua linha original, com comportamento, com letras sem apelação, a gente escuta o som da sanfona, da zabumba, zabumba que ecos nos mais longínquos recantos da zona rural do nosso município onde o forró é vivenciado com mais intensidade.
Assim era o São João da minha terra, repleto e alegria, de muito forró, xaxado e baião e crianças, jovens e adultos, todos contidos de muita emoção e os mais velhos ainda se deliciavam, além das comidas típicas, de uma boa doze de quentão enquanto que outros brincavam ao redor da fogueira, cantando, fazendo adivinhação, outros soltando fogos e lá no céu vez por outra passando um solitário balão.
Autor: Antonio Airton de Barros – Professor Especialista no Ensino de História.
Em, 20.06.2018.
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