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MANHÃ DE SAUDADE, escrito por Antonio Aírton




Manhã de saudade era um programa que ia ao ar através da Rádio Liberdade de Caruaru, “a namoradinha da cidade”, assim cognominada pelo renomado locutor Wellington Lacerda, no final dos anos de 1970 e inicio dos anos de 1980, e que, depois de passar um certo tempo em São Paulo voltou para Caruaru e continuou a contagiar e a reviver os bons momentos do passado através dos programas que ele sempre comandou tais como: O Show da Noite, Clube do Rei, criado pelo inesquecível comunicador Carlos Batista – que o antecedeu – mas que sempre comandou com muita competência este e outros programas. Lembro-me bem que naquela época ele usava o inesquecível bordão “ui, ui, ui...!!” Também pedia que a ouvinte colocasse o radinho no ouvido que ele iria soprar...
Pois é, Wellington Lacerda fazia muito sucesso e detinha um grande índice de audiência com o programa Manhã de Saudade, aos domingos. Só que no dia 9 de dezembro do ano de 2007, o programa foi mais que especial, foi muito marcante porque, além de representar os bons momentos vividos, trazendo reminiscências dos velhos tempos, homenageou também o nosso irmão , amigo, pai, sonhador, lutador, acolhedor, caridoso, mão-amiga, camarada, enfim, um cidadão comum sem muito apego ao Ter, e que se importava mais com o Ser, mas que a morte o levou envolto em seu nefasto manto, que foi o nosso irmão Wilson Alves.
Wellington Lacerda, na época, juntamente com outro grande comunicador, o inesquecível Carlos Batista, naquele dia formaram uma espécie de dueto na locução e usaram o programa para homenagear o nosso irmão José Wilson Alves da Silva, conhecido por todos nós como “Wilson Ralo”, ele que havia desencarnada no dia 7 de dezembro daquele ano na cidade de São Paulo. E, no dia 9 de dezembro, justamente no dia do meu aniversário, lá estava eu, diante daquele corpo inerte. Aí lembrei da última música que Wellington Lacerda colocou no ar junto com o seu parceiro Carlos Batista, a música de Nelson Gonçalves “Quando eu me chamar Saudade”.
Ficamos emocionados e também agradecidos pela atitude dos grandes comunicadores... Realmente o nosso irmão deixou boas lembranças, deixou grandes recordações e algumas boas obras também. Apear do pouco tempo que ele passou entre nós, materialmente falando, viveu cada momento intensamente, sempre feliz, sorridente e brincalhão. Era uma criança grande.
Foi uma pessoa de muitos amigos, dentre eles: Luiz Antônio, Elias Laurindo (falecido), Lilia Pesão, (falecido), Jorge Assis de Assunção, José Assis de Assunção, Zelminho de João Caetano, Elias de Moisés, (falecido), João Assioly, Totonho Lins, João Teotônio, José Wamberto, Nilton de Seu Félix, dentre outros. Estes foram seus granes amigos de infância. Eram amigos para os passeios noturno para a antiga Rua da Boa Vista, das farras, das serestas e serenatas.
Como toda pessoa que está sempre de bem coma vida, a cada dia ele construía uma nova amizade. Já os amigos de uma geração mais recente foram: Luiz Carlos Moura Neves, o grande comunicador Walterlins Santos, Jorge Damasceno, (falecido), Wilsinho de Neildes, Júnior Andrade, José Melâneo, Pedro da Viúva, Orlando e Nivaldo Guerreiro, além de um grande rol de amigos deixados na cidade de São Paulo e na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, a
exemplo do grande empresário Josias, e também amigos na cidade de Ibirajuba. Todos esses viveram grandes aventuras, tanto no âmbito do lazer, quanto no campo profissional.
Wilson foi um grande músico, só com o tempo é que se tornou empresário na cidade de São Paulo e depois na cidade de Caruaru. Contudo, antes dessa trajetória, chegou a ser balconista em nossa cidade em um estabelecimento comercial de seus padrinhos Antônio Andrade (falecido) e Isabel Andrade.
Seu passeio predileto naquela época era para a tradicional Rua da Boa Vista, famosa por lá morar bonitas garotas, por existir o doce de Dona Luiza de Gau, (falecida), do famoso sarapatel de Seu Manoel Santos, que era pai dos amigos Cidinho e Naldinho.
Wilson gostava muito de ouvir a música “Barbarela” de The Fiveres, “Vendi os Bois”, dos Incríveis, “Réu Confesso”, de Tim Maia, que era os grandes sucessos dos anos 70 e 80.
Assim como todo bom nordestino, não conseguia esconder a saudade e a vontade de um dia poder voltar a sua terra natal de forma definitiva e com vida. Certa vez até me contou que gostava muito da música de Luiz Gonzaga, “A vida do Viajante”, mas, infelizmente, assim como já aconteceu com outras pessoas de nossa cidade, a fúria da cidade grande o descontrolou e o fez se perder no tempo, deixou que a sua vida se desorganizasse... Entregou-se a desilusão, a doença o acometeu decisivamente, tentou se recuperar mas o tempo o venceu e, o nosso irmão aos poucos foi perdendo o brilho do olhar e lentamente foi vencido como uma fera ferida.
O dia de sua partida foi um dia de agonia, de muita aflição pois, por ironia do destino, creio, com circunstâncias semelhantes inclusive, já havíamos perdido um outro irmão. Mas, é assim mesmo, não existe vida sem morte, é o ciclo.
Para nós e para os amigos restaram as boas lembranças e a saudade eterna de um homem bom, como ainda hoje dizem por aí, “Wilson Alves era um homem de bom coração”.
O tempo passou, e o alegre programa Manhã de Saudade, acabou por se perpetuar, com um novo nome, agora Tarde de Saudade, que vai ao ar diariamente pela então “namoradinha da Cidade”, de novo, com a apresentação do hilário e inconfundível, o grande comunicador Welington Lacerda, das 17 as 18 h, tornando as tardes do nosso nordeste, principalmente, mais alegre e ao mesmo tempo nos transportando para boas lembranças no que se refere aos movimentos musicais que tanto divertiram a juventude brasileira.


Autor: Antonio Airton de Barros. Professor Especialista no Ensino de História.
Escrito em, 29.12.2007 para o Jornal Myster – editado em, 22.11.2019.


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postado por Altinhoshow

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