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ALTINHO URBANO: A COSTUREIRA MARIA DE SEBASTIÃO ALEIXO, ESCRITO POR ANTONIO AIRTON




A arte de costurar é, na maioria das vezes, uma herança familiar que é passada de geração a geração. Quem sabe pregar botão e manusear uma agulha, provavelmente aprendeu com alguém da família, uma tia, mãe, ou até mesmo com a avó. Portanto, é uma atividade que está diretamente ligada a família.
A costura é uma arte milenar que sempre esteve presente na ida de cada um de nós. Enquanto que o surgimento da máquina de costura propriamente dito, remonta ao ano de 1775, quando foi feito a primeira patente que fazia referência a uma máquina de costura, porém, o projeto nunca foi encontrado e pouco se sabe se chegou realmente a existir.
Foi apenas em 1830 que o alfaiate francês Bartheleny Thimonier patenteou uma máquina que funcionava. Em seguida, Walter Hunt fez uma máquina de costura que funcionasse, mas não fez patente. Elias Howe criou e patenteou um sistema de costura e de pesponto duplo. Issac Singer, criou um outo modelo, mas todos com o intuito de usufruírem de patente do maquinário.
Em 1958 a Singer montou a primeira loja de máquinas de costura em território brasileiro, e, a partir daí, as máquinas se espelharam por várias cidades do Brasil, quem tivesse um poder aquisitivo razoável e tivesse aprendido o difícil manuseio da máquina poderia tê-la em sua casa.
Em nossa cidade a arte de costurar também sempre esteve presente no meio de muitas famílias altinenses, costureiras e alfaiates tiveram um papel importante na vida de muitos altinenses.
Desde o passado muitas jovens altinenses quebraram o tabu de que “costura é coisa de mulher mais velha” e se dedicaram a essa atividade.
Foi o que aconteceu com Dona Maria jacinta de Almeida, que é conhecida pelos altinenses por “Maria de Sebastião Aleixo”. Ela que nasceu no dia 11 de maio do ano de 1933 no Sítio Maracujá do nosso município.
Quando completou 16 anos casou-se com um rapaz da cidade de Agrestina e foi morar no Sítio Araçatuba daquele município, por um período de cinco anos. Depois desse tempo, como o local onde morava era muito seco e não havia água, ela pediu ao marido para vir morar em Altinho. Ele atendeu ao eu pedido, veio para Altinho e aqui chegando comprou uma casinha que só tinha um quarto os filhos dormiam numa rede e em camas de lona (cama de vento), na sala, e quando o dia amanhecia ela desarmava as camas e encostava na parede. Juntou dinheiro durante dois anos, foi quando chegou um senhor do sítio dizendo que a casa onde ela mora atualmente estava para vender e que vendia por mil cruzeiros, mas, se ela tivesse pelo menos quinhentos cruzeiros para dar como entrada, o restante ela pagaria quando pudesse. Ela falou que tinha os quintos guardado a sete chaves, então pagou ao homem. Ela também criava um porquinho no quintal de casa e o marido dizia que era melhor soltar o tal animal porque ele só bebia água na garrafa se fosse com açúcar. Mas, ela mandou Ednaldo pegar o porco para levar para a casa grande que ela tinha comprado e com dois meses el vendeu o porco por duzentos cruzeiros e entregou o dinheiro ao homem restando pagar apenas
trezentos cruzeiros que com o tempo acabou pagando com dinheiro que ganhou costurando. Ela afirma que tudo que tem dentro de casa foi adquirido com dinheiro de costura.

Ela viveu com o Sr. Sebastião Aleixo durante 38 anos, mas não lembra a data do seu casamento e juntos tiveram dezesseis filhos, mas só se criaram cinco: Juvante de Almeida Silva, Edvanilson de Almeida Silva, Maria Aparecida de Almeida Silva, Ednaldo de Almeida Silva e Alexandra de Almeida Silva.
Dona Maria nunca frequentou uma escola, ela aprendeu a ler e a escrever com um cunhado que todas as noites ia para a sua casa para namorar com a sua irmã e, como ele sabia ler e escrever muito bem, ela comprou uma carta de ABC e perguntou se ele a ensinava a ler e o mesmo de pronto, disse eu sim. Então quando ela ia para o roçado amarrava um cordão na carta de ABC e colocava nos seios e de volta do roçado, no caminho vinha estudando. Quando o cunhado chegava à noite ele passava mais lições para ela.
Com o tempo e sozinha ela foi aprendendo por conta própria. Segundo ela, os seus quatro irmãos foram para a escola enquanto que ela ficava tomando conta da casa e de mais cinco crianças, isto com sete anos de idade, e, por isso não poderia ir para a escola.
Também me contou que não aprendeu a costurar com ninguém, e sim, sozinha, acha que foi um dom que Deus lhe deu, pois desde pequena já costurava fazendo pequenos reparos. Com a idade d 12 anos começou a costurar na mão porque não tinha uma máquina de costura. Costurava para o povo de casa e também para o povo do sítio e daí começou a juntar um dinheirinho e depois de cinco anos comprou uma máquina nova a motor, isso já em Altinho, já que antes, costurava em uma máquina velha.
Segundo Dona Maria, o povo rico de nossa cidade foi freguês dela: a família de José Félix, a família do Dr. Rossine, a família do Dr. Morais Rego, a família de Júlio Rodrigues, dentre outras famílias, mas disse que também costurar para os pobres. Comentou que quando havia baile no Clube do Altinense a sala de sua casa ficava lotada de rapazes esperando as caças pantalonas ficarem prontas e também as camisas brancas, e, enquanto isso a sua filha ia pregando os botões das camisas e passando ferro e em seguida entregava as roupas prontas para eles irem para o baile do Clube Altinense, principalmente no Natal, no ano Novo e nas festas de São Sebastião.
Foi com essa atividade que ela criou e educou os seus filhos. Também me disse que sempre teve uma família unida e que trabalhou muito na vida, mas venceu.
“Maria de Sebastião Aleixo”, deixa uma mensagem para os jovens de Altinho para que eles se preocupem mais com a vida, que procurem não dar desgosto aos pais e que estuem e trabalhem para serem cidadãos de bem.


Escrito em, 09.02.2020, a partir de relato oral de Dona Maria Jacinta de Almeida.


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postado por Altinhoshow

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