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ALTINHO DE AMORES E DISSABORES, ESCRITO POR ANTONIO AIRTON




Foi num domingo do dia primeiro de abril do ano de 1984, que um grande jornalista altinense e correspondente do Jornal do Comércio, escreveu um artigo sobre nossa queria terrinha (Altinho) e parte de sua gente. Tive a sorte de, por intermédio da refinada e confiável amizade que sempre tive com a tradicional e conceituada família Lins de Figeuirêdo e “os Benevides, e, em particular com dona “Lola” e Antonio Benevides, encontrar em meio aos seus tão bem guardados papéis e relíquias do passado, como fotografias, recortes de jornais etc., lá estavam algumas páginas do jornal do comércio - já citado – e numa delas um artigo escrito e assinado por José Patrocínio de Oliveira, jornalista filho de Orlando Joel de Oliveira e que era tio de Ijalma, filha do senhor Elpídio Menezes. O artigo é de um valor imensurável até porque descreve parte do passado altinense e sua gente, de forma nostálgica e ao mesmo tempo deixando transparecer um certo sentimento nativista. Contudo, o que chamou a atenção e que me deixou um tanto quanto admirado e porque no dizer também, vaidoso, foi quando da alusão que o notável jornalista fez, na época, a minha inesquecível e saudosa genitora Maria CAmpelo De Barros, eternamente conhecida por todos da comunidade por MARIA DE BEMVINDA, alusivo ao nome de sua mãe e por conseguinte minha avó, Benvinda Augusta de Carvalho, quando dizia ele nas entrelinhas: “ Ó Mariazinha de Benvinda, de pernas roliças à mostra e pascovilho sugestivo em bamboleios!... Lisonjeado e, ao mesmo tempo comovido com tal descoberta, resolvi publicar, na íntegra o referido artigo extraído das páginas daquele jornal, para que os leitores e todos que, de uma maneira ou de outra, conheceram minha mãe e que dela guarda alguma reminiscência. Altinho de amores e dissabores: Altinho de agora, de Rubens Lemos e Rossine Lemos, nossos correspondentes na boa terrinha do Agreste do dr. Freire, hoje nome de rua, de seu Zé Omena secretário da Prefeitura do passado e historiador por afetividade de Isaias Ferraz gente vinda de fora e logo tornada dominante naquele alto alegre, de Elpído Menezes, fazendeiro meu tio, do padre Bernardino de motocicleta barulhenta baratinha, velocíssima poeirenta e cavalos e no púlpito a desafiar gregos e troianos na missa das nove que me deliciava porque constituía “meu jornal falado domingueiro”, Altinho atual é muito, muito diferente daquele que conheci lá pelos idos de 39/40 quando uma folha de castanhola, arrancada arbitrariamente custava pelas cláusulas municipais , prefeiturais ou prefeiturárias, sabemos lá cinco mil réis de multa estipulada por códigos desconhecidos e não sabidos. Mas cumpridos!... Prefeito Rubens Lemos implacável no cumprimento dos deveres encargos e desencargos de sua função, um dia a fiscalização apreendeu na via pública grande porca gorda, prenha de barriga cheia de bacurinhos logo recolhida a um próprio municipal de onde somente sairia mediante pagamento de multa. O multado ou multada, a mulher do prefeito, dinheiro saído na horinha talão extraído em cima da bucha porque – sentenciou o rigoroso burgomestre – a justiça pra ser boa começava de casa. Altinho daqueles tempos, loja de seu Sebastião Oliveira de esquina, por onde trafegavam os caminhões fereiros (feirantes, corrigiria Rossine!) a caminho de Jurema, de Bebedouro. Ibirajuba, de volta a Caruaru da farmácia de seu Caetaninho de onde fugiria sua filha bonita para casas com Toinho um dos bons partidos da rapaziada da época quando a minha cidadezinha ficou em reboliço e o tenente-médico Lins de Figueirêdo aparecia de noite fardado militarmente de verde oliva, de botinhas e esporas, como se fosse à caça ou numa expedição de grande envergadura em perseguição a um lampeãozinho agrestino. Agora Toinho, outrora perseguido é dono da farmácia do seu Caetaninho falecido, já de netos, banco no salão para o papo amigão da turma para o róicouro da vida alheia ponto de encontro “da gente da gente” e onde Rossine Lemos colhe sempre seus fatos e episódios pitorescos para os comentários aqui divulgados. Altinho dos namoricos e mexericos dos banhos do açude Taquara, do hotelzinho –pensão
de seu Camelo, de cozinheira cama e cozinha na capoeira; das filhas bonitotas do maestro Félix, de sua Banda Santa Cecília; de João Romão a fabricar espoletas de caça no balcão de sua mercearia, de tio Elpídio soprando num berrante, num búzio a chamar o filho Cristóvão ou Clóvis (e lá vinham os dois pacíficos feito boi de canga atravessando a praça Pedro II!). Altinho do dr. Benedito, orador do jogo de futebol Altinho/Jurema, aquele com três jogadores contratados em Caruaru e vencendo de um a zero. Altinho de hoje e de ontem, de tantos amores e de maiores dissabores. Quão distante vai essa saudade esse pé murcho de manacá, ó Mariazinha de Benvinda, de pernas roliças à mostra e paqscovilho sugestivo em bamboleios!...


 Professor Antonio Airton de Barros – Historiador especialista no Ensino de História.
Em, 23.09.13


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postado por Altinhoshow

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