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CARNAVAL, AS MARCHINHAS QUE RESISTEM AO TEMPO. ESCRITO POR ANTONIO AÍRTON



O carnaval, sem sombras de dúvidas, é uma das maiores manifestações populares do mundo. A festa não tem raízes nacionais, tudo começou há mais de 500 anos, quando os portugueses trouxeram em sua bagagem cultural o hábito de festejar o entrudo – do latim introitus, o mesmo que entrada, relativo ao início da quaresma – e que acontecia em deu país de origem.

Segundo alguns historiadores, que não são unânimes quanto à origem do carnaval, a versão mais aceita ´que tudo tenha surgido no Egito, quatro mil anos a C., quando as colheitas eram comemoradas com danças e fantasias.

Foi no Brasil colonial que o carnaval foi se aperfeiçoando, pouco a pouco as comemorações foram se transformando, como as do Alerquim, da Colombina e do Rei Momo, em 1846 surgiu a figura do “Zé Pereira”.

Os cordões deram origem aos blocos, que se transformaram, muitos deles, em clubes, chegando a virarem sociedades. No final do século 19, nos desfiles de cordões cantava-se de tudo: quadrinhas, hinos patrióticos, canções folclóricas, etc., só em 1889 é que um dos cordões mais famosos do rio de Janeiro encomendou a maestrina Chiquinha Gonzaga algo para o desfile daquele ano e ela criou a mais popular de suas obras, O’ Abre Alas. Assim nascia a marchinha carnavalesca.

Mais tarde, nomes famosos como Sinhô, Ari Barroso, Joubert de Carvalho, Lamartine Babo, Noel Rosa, Mario lago e João Barro, entre outros, iriam compor outras marchinhas que se consagraram ao longo do tempo. Para se ter uma ideia do poder das marchinhas, em 1939 a marchinha Mamãe Eu Quero ganhou Hollyood na voz de Carmem Miranda, e que tinha sido composta por Jararaca e Vicente Paiva na década de 1930.

No final dos anos de 1950 as marchinhas eram quase que obrigatórias para tocar no carnaval. Com a chegada os primeiros automóveis, no inicio do século, nascia o corso, palavra italiana, (para a avenida), que consistia em um desfile de automóveis que percorria as principais avenidas das granes apitais.

Atualmente o carnaval passou a ter uma roupagem diferente, no Rio de Janeiro são as escolas de samba e os seus sambas-enredo; em Salvador marca presença os Trios Elétricos e o ritmo é o axé, ou seja, cada Estado tem uma referência para comemorar o carnaval; em Pernambuco, as maiores referências em termos de ritmo são os frevos e as marchinhas.

Durante os ias de carnaval, subindo ou descendo as ladeiras de Olinda, acompanhando os blocos líricos, multidões entoam famosas marchinhas do passado que resistem atravessando gerações.

Contar a história das marchinhas, é, de algum modo, narrar a história do carnaval. Acompanhada do pó-de-arroz, as marchinhas faziam sucesso desde o inicio do século. Elas tiveram seu auge nos anos 30, 40 e 50. Depois delas, muito foi produzido, mas pouco aproveitado. Algo que perdura até os nossos tempos: muita quantidade, mas pouca qualidade.

Nomes como Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Carmem Miranda, foram os grandes compositores da época que gravaram marchinhas e que com elas venceram muitos carnavais. Tivemos outros como Noel Rosa, João de Barro com o pseudônimo de “Braguinha”, Lamartine Babo e Ary Barroso.

Há quem diga que as marchinhas perderam espaço para os sambas-enredo, contudo acredito que isso varia de acordo com a região. Quem não lembra das famosas marchinhas e que por sinal são cantada pelas novas gerações: Tourada em Madri, 1926; Chiquinha Bacana, 1949; Os Teus Cabelos Não Negam, 1932; Mamãe Eu Quero, 1937; Yes, Nós Temos Banana, 1938; Cidade Maravilhosa, Saca Rolha, As ´}Aguas Vão Rolar, Aurora Vassourinha, Me Dá Um Dinheiro Aí, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Cachaça Não é Água Não, Turma do Funil, Jardineira, Índio Quer Apito, Taí, Eu fiz tudo \pra Você Gostar de Mim, sendo essas últimas dos anos 60. Allahla- Ô, 1941, Mulata Le Le Le, Daqui Não Saio, Quem Sabe, Sabe, Está Chegando a Hora, O’ Abre Alas, Se a Canoa Não Virar, Maria Sapatão, A Pipa do Vovô, essas da década de 50.

Todas elas são tocadas e muito bem tocadas no carnaval pernambucano. Contudo acho que deveria ser feito um trabalho de divulgação com mais frequência, que provocasse mais incentivo para a nova geração, um trabalho que pudesse mostrar a importância das marchinhas, e até mesmo do frevo, inclusive como contadores de história e que se promovesse a criação de novas marchinhas, com concurso e com premiação.

Eu, particularmente, goto muito de uma marchinha que tem a cara do carnaval pernambucano e que par4ce uma tristeza alegre, ela foi composta por Nelson Ferreira, lançada em 1957, um ano antes do meu nascimento, portanto, e que exalta quatro personagens ou bloqueiros famosos dos antigos carnavais de Olinda: Felinto, Pedro Salgado, Guilherme e Fenelon. O nome da marchinha é Evolução nº 1. A letra evoca os antigos carnavais com um certo tom de melancolia misturada com alegria, mas que muito bonita. Vale a pena ser ouvida nesse carnaval e nos carnavais que estão por vir.

Autor: Antonio Airton de Barros – Professor Especialista no Ensino de Hiistória.

Em, 28.02.2019


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postado por Altinhoshow

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