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ALTINHO URBANO: Seresteiros das madrugadas altinenses escrito por Antonio Aírton


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Seresta é o ato de cantar canções, principalmente de caráter sentimental, à noite, por determinadas ruas, com paradas diante das casas das namoradas, evocando a pessoa amada através de grandes canções.

Outro dia estava eu ouvindo uma música do saudoso Altemar Dutra – sentimental – foi quando lembrei dos meus tempos de adolescente na minha cidade natal, a então pacata cidade de Altinho, onde muitas noites acordei com vozes melódicas de seresteiros cantando na madrugada.

Tive o privilégio de ser vizinho de um grande seresteiro que foi o inesquecível Ermenegildo (falecido) que cantava e tocava banjo. Pelo menos uma vez por semana, ele ficava sentado na calçada de sua residência e outras vezes dentro de casa e se punha a tocar banjo e a cantar lindas canções, dentre elas uma cuja estrofe começava assim: a Rosinha era tão bela... Ah, tinha outra que ele gostava de cantar que dizia assim: Quando o carteiro chegou...

Muitas vezes, no final de semana, ele se reunia com “Capotinha”, (falecido) com o senhor “Ná”, (falecido) pai do saudoso Esquerdinha e que tocava muito bem cavaquinho, além de outros amigos e passavam muitas horas reunidos tocando e cantando quando muitas vezes culminava numa grande serenata. Também lembrei de outro ponto de encontro dos grandes seresteiros de Altinho que era o Bacaninha Bar, do senhor Zezé de Nana (José Wamberto), falecido, e que no início ficava localizado onde hoje é o Foto Studio de George Fotografias. Lá, a partir da sexta-feira, se reuniam para tocar e cantar: o dono do bar, Waldir de Barros, Maurício de Zé Santos, “Severino Doidão”, Homero Moura, Zé Soares, Zé Leite, Edgar, Jorge Porfírio, Elias de Dona Delina, Elias de Moisés, Afonso Augusto, estes já falecidos. Também participavam: Mário Moura, Wilson Bezerra, Zé de Jovina, a mãe de Alba, Carminha Trajano, Rosália Rodrigues, José Olímpio, Totonho Liins, Joãozinho Soares, Carminha de Sebastião Primo, Bosco Omena e Pedro Magro. Essa turma fazia uma seresta maravilhosa e, enquanto tocava e cantava o dono do bar vendia bebidas além de um jantar maravilhoso.

Mesmo assim, as grandes e inesquecíveis serenatas foram aquelas em que os seresteiros caminhavam por determinadas ruas da cidade e que partiam geralmente da calçada da Igreja. Na maioria das vezes era lá que se reuniam os jovens daquela época, dentre eles: Totonho Lins, Mauricio Zé Santos, Luiz Antonio, “GE” filho do senhor Esperidião (já falecidos), Zé Maria de Caetano França, também já falecido, Wilson Alves (falecido), José de Anísio, Jorge, Joãozinho Soares, Elias de Moisés (falecido), Afonso Augusto que era conhecido como Cito de dona Iná, Juca de Dona Iná (já falecidos), Zelminho de João Caetano, Elias Laurindo, “Lilia de Delina” (falecido), Nilton do senhor Félix de Barros, Manoel Antonio, (falecido), dentre outros.

Além de cantarem no centro da cidade, elegiam determinadas ruas; lembro bem da rua do cemitério, da rua da Boa Vista e da rua onde eu morava, Cel. João Guilherme. Sempre passavam mais tempo nas ruas onde tinha pretendente e até mesmo namorada.

Acho que é importante dizer que os seresteiros: Ermenegildo, “Ná”, Capotinha, Zé de Jovina, Severino Doidão, Zezé de Nana, Wilson Bezerra, a mãe de Alba, Waldir de Barros, Zé Soares, Zé de Jovina, foram remanescentes dos seresteiros : Afonso Augusto, Juca, Cito,

Joãozinho Soares, Elias de Moisés, Jorge, José de Anísio, Luiz Antonio, Mauricio de Zé Santo, Totonho Lins, “GE”, Zé Maria de Caetano França, Wilson Alves, Edivaldo Bezerra e outros.

Ouvi muito falar que havia também uma senhora que tocava cavaquinho e cantava muito bem que era a senhora Maria de Pierre, mãe de Dalva, Waldete, Dema e Zezinha. Soube que Dona Helena, mãe de Totonho Tocava violão e cantava muito bem.

Cheguei a conhecer o irmão de Maurício de Zé Santos, que era conhecido como Waldinho de Zé Santos (falecido). Ele passou muitos anos como detento na cadeia pública de nossa cidade, onde hoje fica o memorial. Ele colocava e colocava um espelho na grade que dava para a rua, amarrava uma cadeira que ficava pendurada na grade da janela e se punha a cantar e tocar cavaquinho. Cantava belas canções, inclusive uma de sua autoria que começava mais ou menos assim: “as dores que na cadeia eu suportei? As lágrimas que por ti u derramei/Você vai ter que pagar/Pela sua ingratidão/Mesmo que fique alguns anos na prisão/Pode falar mulher de mim o que quiser/Só não diga a ninguém que já fui o seu amor/ De mim não tivestes piedade/Deixaste-me jogado atrás das grades/Mas para mim, as portas serão abetas/ Elas são longas mas não são eternas.” Ele passava horas e horas cantarolando para que quem passasse pudesse ouvir.

Infelizmente, na atualidade de nossa cidade essa prática já não é mais vivenciada. Até pouco tempo quem promovia excelentes serestas era o Zelminho de João Caetano, mas por motivo que desconheço, deixou de promover.

Antonio Airton de Barros – Historiador.

Escrito em, 14.09.2016.

Editado em, 14.05.2019

São Paulo, 14.09.2016.


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postado por Altinhoshow

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