ALTINHO URBANO: “Avelino das Canoas” escrito por Antonio Aírton

No século XIII, surgiram na Inglaterra feiras de entretenimento que tinham a mesma função dos atuais parques de diversão. Pessoas de todas as regiões do país participavam dessas feiras e lá assistiam a malabarismo, acrobacias e aos estranhos e curiosos freak shows, apresentações de pessoas com doenças raras ou com alguma característica física incomum.

Em 1583, surgiu o primeiro parque de diversões parecidos com os e hoje, o “Bakken”, que funciona até hoje e fica em uma floresta na Dinamarca. Os brinquedos mecânicos só surgiram no século XIX, com a criação do carrossel e da Montanha Russa, por exemplo.

Nas Festas de Reis, um dos atrativos é, justamente, o Parque de Diversões. É claro que com a modernidade, os brinquedos acompanharam o processo de evolução, contudo, por muito tempo os equipamentos simples sempre foram motivo de muita alegria.

Por volta dos anos 60 e 70, por exemplo, nas festas encontrava-se o carrossel, o chapéu mexicano, a roda gigante e outros brinquedos. Em nossa cidade, também não foi diferente quando por ocasião das festas de fim de ano, ou seja, no Natal, no Ano Novo e nas Festas de São Sebastião, além de outros tipos de entretenimento também haviam os brinquedos que compunham o parque de diversões. Nas décadas citadas acima, o que tinha em nossa cidade - era um carrossel de cadeirinhas feito todo de madeira e de forma arredondada em que o proprietário ficava na parte interna do mesmo para empurrar e fazer o mesmo rodar com as crianças. Lembro bem que o proprietário desse carrossel era um senhor por nome de “Zé Chico”. Havia também o carrossel dos cavalinhos, todo feito de madeira, com pares de cavalos dispostos em fila e alternados por cadeiras para os pais se sentarem, nos cavalinhos iam as crianças. Ainda tinha um sanfoneiro que tocava sentado acompanhado por triângulo e zabumba, e o carrossel também era empurrado manualmente pelo proprietário ou por um empregado, já, no ano de 1976, surgiram as famosas e disputadíssimas “canoas e Seu Avelino”, que eram feitas de madeira, tinham uma tábua em baixo de cada uma e um pedaço de ferro para freá-las. Avelino muitas veze era quem empurrava as canoas e ficou extremamente conhecido e cogitado pelos que iam se balançar e se divertir nas canoas porque criou um chavão, quando empurrava as canoas costumava dizer: “Tome ubre!!”

Com o passar do tempo além desses brinquedos surgiram os parques mais modernos e que quando vinham a nossa cidade as canos eram colocadas mais distantes do parque. Lembro de um que vinha sempre à nossa cidade que era o Parque São Jorge e tinha também a barraca de bingo de “Coquinho”, a barraca de bingo do saudoso Sargento Lins, um carrossel que era empurrado por “Zoma”, a barraca de cachorro quente que vinha de Caruaru, a Monga que era instalada ao lado a Prefeitura Municipal, além de outras atrações tais como: a barraca de tiro ao alvo, laça laça, as barraquinhas de gengibirra, e, claro, um serviço de auto falantes para dar informações variadas e tocar os grandes sucessos da época, e as pessoas oferecendo músicas.

Infelizmente os brinquedos de antigamente praticamente desapareceram, perderam lugar para os mais modernos e mais caros inclusive, e, para nós, só restam a doces lembranças e a saudade daqueles divertidos momentos. Mas, afinal, quem foi o inesquecível e irreverente “Avelino das Canoas. Tome ubre!”?

Segundo o seu filho José Félix Costa, Avelino Félix costa nasceu no dia 27 de janeiro do ano de 1923, no Sítio Barra do nosso município. Era filho de Antônio Félix Costa e Ana Maria da Conceição, ambos agricultores, e, “Seu Avelino”, como era conhecido em nossa cidade, era analfabeto e chegou a exercer as profissões de marchante de bode e de porco e, aliado a tudo isso, ainda foi dono de carrossel e depois de canoas por muitos anos.

Chegou a residir no Sítio Barra, Sítio Tamnduá, Sítio São Francisco, Sítio Cabeça de Negro por mais de 12 anos, no Sítio Cabeleira, hoje Guaraciaba do nosso município onde nasceram os Filhos Zezita, e José Félix Costa Sobrinho residiu por mais ou menos 12 anos e depois na vizinha cidade de Caruaru - PE. Sua primeira esposa foi a senhora Minervina Cassiano (falecida), e em 28 de dezembro do ano de 1949, na Capela de Nossa Senhora do Ó de Altinho na presença do Pe. Bernardino Carvalho, tendo como testemunhas Manuel Paulino de Andrade e Antonio Pereira da Silva, estando viúvo, casou-se com a Senhora Corina Maria de Jesus, professora do primário, com quem teve como filhos: Zinha Félix Costa que faleceu com poucos meses de vida, Heleno Félix Costa (falecido), sendo este do primeiro casamento; José Félix Costa Sobrinho, conhecido em nossa cidade como Zezinho de Avelino; Zezita Félix Costa Araújo (Zita); Zilda Félix de Melo; Zuleide Félix Lopes (Leda); Zenildo Félix Costa ( Nildo falecido); Zenóbio Félix Costa (Nobre); Zeneide Félix Costa (Neide) e Luís Félix Costa (Lula). Ano de 2000 e era filha de Ernesto Ferreira da Silva e de Joana Maria da Conceição.

Sua segunda esposa, Corina Maria de Jesus, nasceu no dia 25 de agosto do ano d 1925 e era filha de Ernesto Ferreira da Silva e Joana Maria da Conceição. Ela faleceu no dia 29 de maio do ano de 2000.

Avelino Félix da Costa, “Avelino das Canoas”, como era conhecido por todos nós, faleceu no dia 24 de abril do ano de 2005. Segundo o seu filho “Zezinho”, Avelino era um homem lutador, um bom pai ao estilo dele, que educou os filhos muito bem. Gostava muito de Altinho e sempre teve o desejo de se tornar proprietário de um Parque de Diversão, mas que nunca teve condições, pois, ainda segundo “Zezinho”, o ganho da família era muito pequeno.

Com certeza “Avelino das Canoas”, nunca foi esquecido pelos altinenses, principalmente por todos aqueles que viveram aquela época tão bonita, ela vai estar sempre presente na memória de toda a família, amigos e de todos os altinenses que o conheceu.

Autor: Antonio Airton de Barros – Professor Especialista no Ensino de História.

Fotos: José Félix Costa Sobrinho/Antonio Airton - em 09.07.2019

Em, 15.07.2019