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ALTINHO URBANO: Nina Lemos, escrito por Antonio Airton


Foto: Alexandre Oliveira.
No dia 19 de novembro do ano de 1917 nascia no Sítio Demarcação do então distrito de Altinho Luiza Alves de Oliveira Lemos, filha do Senhor João Alves de Oliveira e Silva e de Dona Francisca Tertulina de Lemos e que teve como irmãos: Sebastião Alves de Oliveira Primo, João Alves de Oliveira Filho, Francisco Alves de Oliveira e Maria do Ó Alves de Oliveira, (ambos já falecidos).

Nina lemos não foi criada pelos pais, foi criada por sua avó, Dona Margarida Tertulina de Lemos e que, nesse período, residia à Rua Manoel Licó. Duas tias também ajudaram na criação de Nina lemos: Tertulina de Lemos, que era conhecida por “Dadá”, e Joana Tertulina de Lemos, conhecida por “Dé”. Essas tias, obviamente eram irmãs da mãe de Nina Lemos. Com o passar do tempo Dona Nina foi morar noutra residência, na Praça do Centenário, atual Praça Júlio Rodrigues Filho na casa onde hoje reside o Dr. Lourival e família. E, mais alguns anos depois foi residir numa outra casa situada na praça Dr. José Ferreira de Lima, onde faleceu, no dia 10 de dezembro do ano de 2010, as 7:50 da manhã.

Nina lemos começou a lecionar desde cedo, aos quinze anos de idade no Sítio Santo Antônio, como professora efetiva municipal, sendo nomeada em 8 de março do ano de 1933, nomeação assinada pelo então prefeito Joaquim Santos com os vencimentos de 840$00 e que fora assinado pelo secretário José de Barros Correia.

Professora sem formação, pois infelizmente não teve a oportunidade de se tornar uma normalista diplomada, pois quando estava perto de concluir o magistério a Escola Normal Santa Terezinha, onde ela estudava, fechou- segundo relato de “Dona Meniniha”. Contudo, este fato não veio a influir na sua notável trajetória, tão pouco em sua vocação e na sua invejável educação.
Depois de alguns anos ela chegou a ser Serventuária da Justiça, de início sem concurso, assumindo o lugar do Senhor João Galdino (falecido), e que era uma espécie de cargo municipal e que “consta às fls. 27 do livro nº 1 sob o número de ordem 63, os seguintes assentamentos funcionais da referida ex serventuária: em 22 de junho de 1961, Cartório de 1º Ofício de Altinho.” Só depois é que ela submeteu-se a concurso público juntamente com Ita de João Romão e Severina Sevilha e, ambas foram aprovadas, mas como Nina Lemos obteve a maior nota, foi convocada e nomeada no dia 14 de março de 1962, conforme consta no DO, para o cargo de Partidora do Foro, na época do então governador Cid Sampaio. Foi justamente neste cargo que ela chegou a se aposentar, no dia 18 de janeiro do ano de 1963, depois de anexar tempo de serviço.

Além de sua dedicação ao trabalho, Nina Lemos desde cedo também se dedicou a vida religiosa, começou a frequentar as missas a partir dos oito anos de idade e, desde então não mais parou. Ingressou nas associações: Dos Santos Anjos, Pia União dos Filhos de Maria, Dos Vicentinos e do Apostolado da Oração como Presidenta.

Ela sempre esteve presente em todos os acontecimentos da Igreja Católica, era uma pessoa de muita fé, ao ponto de dizer- ainda segundo a sua sobrinha Menininha - que “gostava muito de viver, mas se um dia perdesse a fé, preferia morrer antes”.
Penso eu que, talvez por ter tido essa dedicação, dentre outros motivos, agora ela deva estar em um bom lugar, numa espécie de “paraíso”. Martinho Lutero (1483 – 1546), ex monge da Igreja Católica, depois de um longo período de estudos e pesquisas encontrou respostas às suas indagações, no que se refere a fé e a salvação. Nos textos de Santo Agostinho (354 – 430), Para este pensador o paraíso só pode ser alcançado pela fé em Deus, ideia que depois veio a ser contrariada pelas de São Tomás de Aquino. (Braick, Patrícai Ramos. Nas História: das cavernas ao terceiro milênio. 2ª Edição. Moderna, 2006, p. 100 – 104).

Ao contrário do que pensa o senso comum, de que a fé cristã é um rol de regras e de proibições, hoje a grande novidade do Cristianismo é a mensagem de fé e liberdade. Segundo o Pe. Heleno que já respondeu pela Paróquia de Nossa Senhora do Ó de nossa cidade: “Fazer o bem! Nesta perspectiva a prática do bem é o caminho fundamental para ganhar a vida eterna (Mt 25, 31 - 46). Podemos até rezar demais, mas se as ações são pobres, marcadas por uma grande dificuldade de consciência e, por práticas que prejudicam o próximo, complica o acesso a salvação.

Um outro aspecto, ainda segundo o Pe. Heleno, é o serviço ardoroso à prática do bem, a fé em Jesus Cristo e a confiança em Deus, são os caminhos de salvação. Aqui é necessária uma vida perseverante de oração, pedindo a força de Deus para viver e enfrentar as vicissitudes deste mundo e a comunhão perene com a força criadora (Mt 5, 1-12); (Mt 5, 13-16). Um outro ponto importante é não só dizer, Senhor, Senhor, mas lutar com a fé em favor dos pobres e oprimidos, é a prática da justiça e da caridade. (Mt 3, 15); (Mc 14, 1-11); (Mc 19, 21). Depois é fundamental o desapego, usar de “tudo”, como se tudo fosse poeira...Só Deus é eterno e absoluto. Uma outra concepção é que Deus é Pai e quer salvar a todos sem distinção, porque o Pai não se compraz com um filho no fogo eterno, nem muito menos na morte eterna, portanto, o caminho que Ele vai realizar, só a Ele está reservado. Cabe a nós confiar, rezar, fazer o bem, desapegar-se e esperar...”
Pois bem, a Senhorita Nina Lemos que também foi catequista durante muitos anos, confortava os menos favorecidos com palavras de força, de fé e de carinho, estava sempre solícita e com aquele seu sorriso de felicidade para as pessoas. Fazia doações de maneira quase que impercebível, era a” prática do dar e do receber”. Segundo Deepak Chopra, autor de inúmeros livros e de concorridas palestras onde se misturavam a física e a filosofia, o lado material e o espiritual da vida: “O mais importante é a atenção que há por trás de dar e receber. A intenção deve ser a de provocar sempre alegria em quem dá e em quem recebe, porque a felicidade é sustentadora e provocadora da vida.” O retorno é diretamente proporcional ao volume dado”.

Uma curiosidade: Por que Nina Lemos estava sempre vestida de branco? Porque ela pertencia ao Apostolado da Oração, e, para ela era uma espécie de devoção.

Outro fato interessante é que muitas pessoas chegaram a estudar Com Nina Lemos, dentre elas: Closilda Marques, Di, filha de Caetano Marques, O Dr. José Alberto de Lima, o atual Desembargador Dr. Antônio Ferreira de Lima, o Dr. Petrúcio Rodrigues, Silvia Benevides, Angélica Benevides, Dr. Marcos Benevides, Washington Benevides, Tereza Benevides, Vera Lúcia Benevides esposa do saudoso Dr. Moacir Omena, o Pe. Luiz Rodrigues Duarte (atualmente Monsenhor) e muitos outros altinenses que, na ocasião não houve tempo para que eu pudesse colher mais informações a tal respeito.

Até mesmo aos membros de sua família ela fez questão de educar e ensinar as primeiras lições numa escolinha montada por ela nos fundos de sua residência e que deu o nome de “Cantinho do Faz de Conta”, onde dava aulas a Alexandre Oliveira, Ângelo :Fernando, Silvano César, Sandra, dentre outros.

Acredito que, por tanta gente que Dona Nina Lemos ajudou, educou, confortou com o seu jeito meigo e carinhoso, contribuindo para a cidadania aliada à sua dedicação religiosa a sua trajetória aqui na erra tenha valido a pena.

Que a luz que sempre brilhou nos seus olhos enquanto esteve em nosso convívio, Nina Lemos possa ter encontrado uma nova luz, para guiar-lhe em sua morada eterna.

Autor: Antonio Airton de Barros – Professor Especialista no Ensino de História.

Publicado no Jornal Myster em, 22.01.2010.





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postado por Altinhoshow

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