Artigos

ALTINHO URBANO: O ANDARILHO, ESCRITO POR ANTONIO AIRTON




A solidão é um sentimento pelo qual determinada pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. É, portanto, mais que um sentimento de querer uma companhia ou mesmo querer realizar algo com outra pessoa apenas pelo fato de isolar-se, mas porque os seus sentimentos precisam de algo novo que os transforme.
Muita gente passa por momentos em que e encontra sozinha, seja por causa das circunstâncias ou mesmo por escolha própria.
Viver ou estar sozinho pode ser uma experiência positiva, prazerosa e provocar alívio emocional, desde que haja um controle.
Eu, particularmente, sempre achei que a solidão era um sentimento que acompanhava todo andarilho, principalmente aqueles que sempre pude observar, mesmo que de longe, pelos lugares por onde andei.
Observei por algumas vezes que os andarilhos vivem o espaço, o hoje, o agora, como se tudo fosse a mesma coisa, ou seja, o tempo para eles não existe propriamente, principalmente na ordem cronológica dos acontecimentos.
Muitos deles vivem como se não tivessem história, o passado aparentemente mostra-se desvinculado do presente, ou seja, está desconexo com o seu modo de vida.
Para ter um pouco mais de certeza sobre este aspecto, acompanhei por algum tempo, mesmo que de longe, apenas com o olhar curioso - pois só depois de alguns meses é que resolvi interpela-lo – o Sr. Givaldo Alves Souza, andarilho, e que nasceu no dia quatro de abril do ano e 1950, sendo filho do Sr. Dionízio (falecido), Givaldo só lembra do primeiro nome, e de Dona Laura Alves Cândida, também já falecida. Givaldo é natural de Altinho – PE, e teve como irmã A Senhora Sebastiana, também já falecida e que era mãe do jovem Paulo, sendo este, portanto, sobrinho de Givaldo.
Segundo Paulo, seu tio Givaldo era uma peoa normal, que gozava de plena saúde, até ter ido trabalhar em uma Pedreira, durante alguns anos e acabou ficando doente. Ainda segundo Paulo, Givaldo não aceita ajuda de ninguém.
O fato é que esse nosso irmão altinense, há muitos anos vive na condição de andarilho, numa espécie de penitência, andando pelas ruas da cidade, sempre com uma pequena cruz de madeira nas mãos e carrega consigo também alguns objetos religiosos e se veste com uma túnica e coloca um pano cruzado sobre os ombros atravessando o peito.
Os lugares mais comuns onde podemos encontra-lo é na calçada da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, na calçada da Igrejinha do Rosário e as vezes na porta dos correios.
Há muitos anos atrás i encontrei em Juazeiro do Norte, tinha ido visitar o Padre Cícero Romão Batista, e, ali contou-me que que quando chegou lá, gostou do lugar e resolveu ficar por um bom tempo.
Apesar de ser um andarilho e viver a sua solidão, aparentemente é uma pessoa que não tem nenhum tipo de revolta, nem ar de tristeza, ao contrário, parece ser uma pessoa feliz, sem
queixas, apenas fala sobre coisas da Bíblia – do seu jeito – e se mostra uma pessoa temente a Deus. Não pede esmolas, não incomoda a ninguém, respeita as pessoas e é respeitado. As vezes entra na Igreja Matriz bem na hora da celebração da Santa Missa, contudo, o Pe. o ver com o mesmo olhar que direciona a todos os católicos ali presentes.
Givaldo não é uma peoa de falar muito, e, quando resolve falar, a sua conversa é desconectada, com vagas lembranças, e, assim, de maneira simples, sem saber direito o que os outros pensam ou dizem vai vivendo por aí, em paz. É um altinense digno de nosso respeito e consideração. É como dizia Mário Quintana, poeta: “De repente tudo vai ficando tão simples que assusta. A gente vai perdendo as necessidades, vai reduzindo a bagagem. As opiniões dos outros, são realmente dos outros, e mesmo que seja sobre nós; não tem importância. Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certeza de nada E, isso não faz a menor falta. Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado e sim a vida que ada um escolheu experimentar. Por fim entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego, é viver sem medo, é fazer o que alegra o coração naquele momento. É só.” Interessante também é o pensamento de Clarice Lispector quando dizia que: “Sim, minha força está na minha solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.” Já o grande cantor e compositor Alceu Valença nos diz em uma de suas belas canções que: “...a solidão é amiga das horas prima irã do tempo/ E faz nossos relógios caminharem lentos/ Causando um descompasso no meu coração...”


__Compartilhe nossas postagens, marque seus amigos e deixe todos bem informados.

postado por Altinhoshow

0 comentários:

Postar um comentário

__

Tecnologia do Blogger.