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Sulanqueiros enfrentam medo de assalto, falta de fiscalização e viagens de até 2 dias para o Agreste


É o último dia de feira antes de começar a alta temporada em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, o principal pólo têxtil de Pernambuco. Por volta das 2h, em plena madrugada de sexta-feira (31/10), duas vans e uma caminhonete, todas equipadas com carroças, se preparam para partir em comboio em um posto de gasolina, na BR-232, já próximo à saída do Recife.

Os passageiros, proprietários de lojas de roupa espalhadas pelo Grande Recife, demonstram tranquilidade apesar de um grave acidente ter sido registrado recentemente. Duas semanas antes, na noite de 17 de outubro, um ônibus havia virado na Serra dos Ventos, na altura de Saloá. Foram 17 mortos, a maior tragédia rodoviária em Pernambuco neste ano. As vítimas – em boa parte, lojistas de Minas Gerais e da Bahia – foram a Santa Cruz fazer exatamente o que aquelas pessoas no posto fariam: comprar roupas para revender.

“Aquilo pode ter sido um descuido… O cara pode ter se deparado com alguma coisa na estrada e, quando virou, o carro saiu da faixa”, comenta o motorista Sandro Galvão, de 49 anos, enquanto beberica café, do lado de fora da van, para se manter atento ao trajeto. Junto com a esposa, Claudete Morais, de 50, ele promove excursões para o polo de confecções desde 2010. Naquela noite, o casal iria conduzir 13 passageiros, a maioria mulheres.

As vagas são reservadas por mensagem de WhatsApp. Assim que chega ao ponto de encontro, a maioria prefere subir logo no veículo para escolher a melhor cadeira e garantir pelo menos duas horinhas de sono, o tempo do percurso. Não há lugar marcado ou conferência de RG na hora do embarque. Os poucos que descem dos carros aproveitam para tomar café, alongar o corpo e conversar antes da viagem.

O medo da estrada é um tema recorrente. Para chegar a Santa Cruz, o comboio tem que passar pela BR-232, que liga a capital ao Sertão, e depois pela BR-104, que conecta o Agreste a outros estados. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), só nos dez primeiros meses deste ano, já foram registrados 669 casos e 84 mortes na primeira rodovia. Já no trecho pernambucano da segunda, 22 pessoas morreram em um total de 171 ocorrências.

Para os participantes da excursão, o principal motivo para viajar em grupo, no entanto, estaria mais associado a outro risco: o de assalto. “É mais difícil acontecer algo com três carros do que com um só”, argumenta Sandro. “Um carro só chama atenção. Já no comboio, o criminoso pensa: ‘Poder ser que venha um carro atrás… Pode ser que tenha gente armada…’.”

Com todos de cinto de segurança, a van de Sandro e Claudete parte exatamente às 2h40. A expectativa é chegar ao Moda Center, polo comercial que atrai compradores de diversos estados, ainda antes das 5h, horário de abertura da feira.



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postado por Altinhoshow

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