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Autismo: o que é preciso saber quando um filho recebe o diagnóstico



Receber o diagnóstico de autismo de um filho pode ser um grande impacto para mães e pais. Afinal, além das emoções iniciais, surgem as dúvidas sobre como será o futuro, qual é a melhor opção de tratamento e como lidar com os desafios que criar uma criança autista pode oferecer.

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado nesta terça-feira (2), também trata sobre essas questões: o objetivo é promover o conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e sobre as necessidades e os direitos das pessoas com autismo.

“Infelizmente, na sociedade pouco se fala sobre o TEA, mas sabemos que muitas pessoas dentro do espectro podem brincar, estudar, trabalhar e construir relacionamentos, assim como qualquer outra pessoa”, menciona Thalita Possmoser, psicóloga e diretora clínica da Genial Care, uma rede de cuidados especializados em crianças com TEA e suas famílias.

Conscientização e informação correta são fundamentais
Ao receber o diagnóstico de autismo de um filho, é normal sentir-se sobrecarregado e ter incertezas. Segundo a pesquisa Retratos do Autismo no Brasil, realizada pela Genial Care, em parceria com a Tismoo, mais de 64% dos respondentes afirmaram não terem tido contato prévio com TEA antes do diagnóstico da criança ou do próprio diagnóstico.

Por isso, o primeiro passo para mudar esse cenário é se conscientizar sobre o transtorno, compreendê-lo e buscar informações através de fontes confiáveis, evitando mitos e fake news disseminados pela internet. Em seguida, é interessante compartilhar essas informações com familiares e colegas, mostrar o quão é importante ter empatia com a criança e entender como ela pensa.

Procure ajuda de profissionais capacitados
Após o diagnóstico, é necessário buscar ajuda de profissionais especializados e de confiança para dar início aos acompanhamentos terapêuticos. Esse apoio profissional e as terapias são fundamentais para oferecer maior bem-estar à criança e aos pais também.

“As intervenções ocorrem com uma equipe multidisciplinar composta normalmente por profissionais da psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, pedagogia e neuropediatra”, destaca Possmoser.

Evite recorrer a “tratamentos milagrosos” ou sem embasamento científico
Um dos comportamentos de pais e cuidadores que podem atrapalhar no desenvolvimento saudável da criança com autismo é procurar por “tratamentos milagrosos” e/ou que não possuem embasamento científico.

“É comum que os pais procurem por procedimentos ou intervenções ‘milagrosas’, que prometem a cura da condição do filho. Entretanto, esses ‘tratamentos milagrosos’ frequentemente produzem consequências severas e indesejadas”, alerta Victoria Albertazzi, especialista clínica na Genial Care.

O neurologista da infância e adolescência e membro da SBNI (Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil), Erasmo Casella, concorda e acrescenta que é fundamental que os pais invistam em terapias reconhecidas cientificamente, como a terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), cujo foco é o ensino de habilidades importantes de comunicação, imaginação e autorregulação emocional, e a Denver, que é uma terapia derivada da ABA.

“Além disso, os pais devem estimular os filhos de acordo com a orientação de terapeutas e do médico que está acompanhando, que pode ser um neurologista, um psiquiatra ou pediatra especializado”, acrescenta.

Ajude na integração do filho à sociedade e o motive nas atividades diárias
A especialista também destaca que é importante buscar a integração do filho autista à sociedade, por mais que existam obstáculos. “A palavra-chave para esse momento é a persistência”, afirma. Isso vale para a integração da criança nas escolas.

Embora a pessoa diagnosticada com autismo possua o direito de frequentar a escola conforme a LBI (Lei Brasileira de Inclusão), é comum que famílias encontrem dificuldades. Pesquise a melhor opção para seu filho e trabalhe em conjunto com os professores para garantir o cuidado que ele merece.

Além disso, é importante participar ativamente do processo de desenvolvimento da criança autista, apoiando-o em tarefas diárias, incluindo-a nas atividades de casa e elogiando cada conquista.

“Uma dica bacana para o dia a dia é incluir a criança nas atividades da casa, assim ela se sente incluída na rotina. Elogie sempre que ele conseguir realizar qualquer ação sem auxílio, isso o estimula. Entretanto, tenha paciência, pois tudo é um processo de aprendizagem e descoberta para autonomia. É esperado que a evolução ocorra de forma gradual e contínua”, explica a especialista.

Evite punições e exerça a aprendizagem positiva
A criança com TEA pode apresentar padrões de comportamento repetitivos e rígidos, tendo pouca flexibilidade e interesse por outros temas e atividades que não seja a favorita dela. Por isso, ela pode apresentar dificuldade com mudanças na rotina e ter comportamentos associados a “birra” quando algo foge do comum.

Nesse cenário, é muito importante que os pais não tentem “corrigir” o comportamento dos filhos através de castigos ou punições, sejam físicos ou não. “Isso pode ter um impacto severo e significativo para o bem-estar da criança e da família, tanto a curto quanto a longo prazo”, afirma Albertazzi.

A especialista ressalta que é importante que os pais estabeleçam um ambiente de aprendizagem positiva, o que vai auxiliar no desenvolvimento da autoestima da criança.

Já o neurologista Casella reforça que é importante que os pais entendam que as “birras” não são questões pessoais. “Temos que procurar o que desencadeou essa birra e antecipar quando elas surgem. Isso pode decorrer de coisas simples, como não dormir direito, ter uma dor de dente ou dor de ouvido. É preciso estar sempre procurando os gatilhos que causam alterações do comportamento dessas crianças e entender que as dificuldades delas não são pessoais contra os pais”, afirma.

Conheça os direitos da pessoa com autismo
Além da LBI, existem outras leis que asseguram o direito da pessoa com autismo. É o caso da Lei Berenice Piana, que institui os direitos do autistas e suas famílias em diversas esferas sociais. Com ela, pessoas com o TEA têm direito a utilização de serviços da Assistência Social, no município onde reside, e o direito à educação com atendimento especializado.

Além disso, a Lei Romeo Mion criou a CipTEA (Carteira de Identificação da Pessoa com TEA), que garante a todos aqueles com o diagnóstico de autismo um documento que informa a condição do indivíduo.

Por fim, outros benefícios existentes podem auxiliar na jornada de uma pessoa com autismo, como o BPC (Benefício da Prestação Continuada) — salário mínimo pago por mês à idosos ou pessoas com deficiência que não podem garantir a sua sobrevivência por conta própria ou com o apoio da família — e a redução na carga horária de trabalho.

Tenha uma rede de apoio e exerça o autocuidado
Segundo a pesquisa “Retratos do Autismo no Brasil”, 68% dos cuidadores relataram dificuldade de achar tempo para descanso e para cuidar de si mesmo. Apesar desse cenário, é importante achar um tempo para exercer o autocuidado. Portanto, ter uma rede de apoio, composta por familiares, amigos e/ou profissionais de saúde, é fundamental.

“Existem muitos grupos de pais de crianças com TEA. Procure auxílio e converse. A troca de experiência é algo enriquecedor e acalentador. Lembre-se também que é importante que você tenha o seu espaço de descanso pessoal e momentos para você e seu parceiro(a). É muito importante cuidar da saúde mental de todos que estão ao redor da criança, o bem-estar dos pais é essencial!”, reforça Possmoser.

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postado por Altinhoshow

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